O joanete é uma das situações mais comuns entre os problemas encontrados nos pés. É natural que uma situação tão freqüente esteja acompanhada de dúvidas e mitos. Nosso objetivo com a elaboração deste manual é esclarecer dúvidas, desmistificar procedimentos e informar a respeito de técnicas e materiais usados atualmente no tratamento do joanete.
A maneira como se manifesta o joanete dá uma impressão errada do que realmente ele é. Na verdade o processo envolve fatores que influenciam no seu tratamento, e que, portanto, devem ser conhecidos e entendidos pelo paciente.
O pé é uma parte do organismo com algumas características especiais: complexidade anatômica, um grande número de ossos e articulações com apoio do peso corporal. Muitas vezes as pessoas tendem a ver o joanete como “um osso que cresceu no pé”. Mas o que se verifica é uma angulação anormal entre alguns dos ossos do pé, como mostra a figura. Essa mudança no alinhamento provoca o surgimento de uma proeminência no pé, que é popularmente conhecida como joanete.
Existem algumas causas para que ocorra o desalinhamento e o conseqüente surgimento do joanete no pé. As principais são a herança genética e o uso de sapatos inadequados. A presença de casos entre os familiares mostra uma tendência ao surgimento do problema, que também pode ocorrer sem herança familiar confirmada. O uso de calçados de bico exageradamente fino piora a angulação mostrada na figura.
Quando vai acontecendo o processo de formação do joanete, progressivamente as articulações da parte da frente do pé vão sendo deslocadas da sua posição original. Isso muda a maneira como o pé sustenta o peso do corpo, e alguns pontos são sobrecarregados, causando assim as calosidades e a dor. Além disso, as proeminências ósseas formadas são pressionadas pelos calçados, causando inflamações localizadas e dor.
Após as avaliações físicas e dos exames apropriados, o diagnóstico é determinado. Com essa informação, o cirurgião, junto com o paciente, conversam sobre as opções de tratamento. É muito importante que o paciente participe da decisão junto com o médico, porque aspectos pessoais influenciam no tipo de tratamento escolhido.
O tratamento do joanete deve ser individualizado para cada caso, de acordo com as características do pé, o estilo de vida do paciente, a prática ou não de atividades esportivas, etc.
Existem alternativas cirúrgicas e não-cirúrgicas para o tratamento. Como explicado anteriormente, o joanete é uma angulação anormal dos ossos do pé, e as maneiras não-cirúrgicas de tratamento são paliativos para o problema, pois não regularizam a deformidade. Apesar disso, são utilizadas em muitos pacientes para aliviar os sintomas e prevenir a piora destes.
Existem mitos e verdades a respeito da cirurgia para o tratamento do joanete. De um modo geral, a maneira atual de tratar é diferente do que era realizado há alguns anos atrás. Hoje em dia, técnicas modernas facilitam o procedimento cirúrgico e sua recuperação. Isso inclui maneiras seletivas de anestesia local, materiais e técnicas de precisão para a cirurgia e órtese de imobilização que permite o apoio do pé no solo no período pós-operatório.
Ao decidir pelo tratamento cirúrgico, é essencial que o paciente saiba de todos os aspectos envolvidos nessa decisão. Tirar todas as dúvidas com o cirurgião é, portanto, o passo inicial. O seu médico também precisa de um conhecimento total sobre o seu caso. Informe sobre as medicações que você toma e sobre eventuais problemas de saúde. Exames de sangue, eletrocardiograma e Raio X de tórax podem ser solicitados pelo cirurgião caso necessário.
A cirurgia pode, geralmente, ser realizada com o uso de anestesia local seletiva, ou seja, sem que seja necessária anestesia nas costas ou anestesia geral. Nesta anestesia local o paciente pode optar por dormir durante a cirurgia. Estes aspectos são discutidos previamente com o anestesista.
A técnica utilizada atualmente inclui o uso de materiais especiais de fixação óssea. Isso, somado à agressividade reduzida do procedimento permite que o paciente apóie o pé no solo logo após a cirurgia. Para permitir a caminhada de maneira mais adequada, um tipo especial de órtese é utlizado, como mostra a figura.
A cirurgia tem uma duração média de 50 minutos para cada pé operado. Com a vantagem de apoio precoce do pé no solo, é possível que a cirurgia seja realizada nos dois pés, quando houver indicação e quando o paciente assim desejar.
Quase todas as cirurgias para tratamento do joanete podem ser feitas em regime ambulatorial (o paciente retorna para casa no mesmo dia). Pode-se chegar ao hospital duas horas antes da cirurgia, e retornar para casa quatro horas após o término do procedimento.
As técnicas atuais permitem que a recuperação pós-operatória aconteça de maneira mais rápida e menos traumática. Mesmo assim, é recomendável que o paciente siga cuidadosamente as orientações médicas.
O grau de satisfação do paciente após uma cirurgia ortopédica no pé depende de suas expectativas prévias. O retorno ás atividades previas à cirurgia, sejam elas de trabalho, esporte ou lazer, acontece progressivamente, de acordo com o programa de reabilitação. De modo geral, é esperado que os pontos sejam retirados duas semanas após a cirurgia, que o uso de calçados normais retorne em seis semanas e que a recuperação total ocorra dois meses e meio após a realização da cirurgia.
É importante saber que cada paciente responde de uma maneira ao procedimento realizado, e que os prazos descritos acima representam a média do que ocorre com todos os pacientes. Variações podem ocorrer, em vista disso, é indispensável que o paciente e o médico estejam atentos para isso.
O bom andamento da cirurgia e do período de recuperação depende de um bom entendimento e de uma boa relação com a equipe médica. Em caso de qualquer dúvida, ligue para o seu médico. Lembre-se de que toda cirurgia, por menor que seja, tem suas particularidades e riscos. O seu médico está familiarizado com estas situações, e saberá quais atitudes tomar para preveni-las.
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